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A ÁGUIA E A GALINHA

A ÁGUIA E A GALINHA
A ÁGUIA E A GALINHA

Conheçam o meu livro: MARIA, MADALENA,AMÉLIA, CÚ.

quarta-feira, 24 de março de 2010

CONT. DO LIVRO: CÚ- 3º CAPÍTULO



Teceiro capítulo

Um mundo novo
As viagens
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Henrique sempre que podia levava Isis junto com ele quando ia fazer corrida de táxi, principalmente quando era fora da cidade, nas imediações, sempre viagens curtas, mas para ela era muito bom, principalmente colocar seu rosto na janela e sentir a liberdade o vento, sentir e ver a natureza, o cheiro do mato, o verde das matas, os animais ao longe, tudo era mágico, parecia que ela via os seres pequenos da mata, ora em cima das árvores, ora no chão trabalhando, as vezes lhe acenavam com as mãos, ela falava com seu pai mas ele nada via, acho que pensava coisas de criança,Isis sempre cobrava e ele nunca negava sempre que podia a levava.
Um dia em uma de sua viagens ele achou um filhote de raposa, levou para casa mas linda ficou com medo por causa de Isis e pediu para que ele levasse embora, o que ele fez com o filhote nunca se soube.
Júlia tinha um carinho especial por sua neta, nessa época ela freqüentava a casa da sua filha, gostava muito de Henrique seu genro, estava morando na capital São Paulo e sempre que podia vinha visitar as filhas.
Um dia ela chegou dizendo:
-Amanhã eu volto para São Paulo e pretendo levar Isis comigo, não adianta retrucar, está decidido.
Quando Isis ouviu ficou felicíssima, pela primeira vez ela iria viajar de trem, conhecer a Maria Fumaça era tudo de bom.
Quem consegue dizer não quando olhinhos castanhos, lindinhos pedem com tanta candura!
O encanto começou na viagem de trem, ela foi do lado da janela, olhando as coisas mais belas,a linda estação, passa poste, passa trilho, tudo tem mais brilho no verde das matas, nas alturas das montanhas, nas cores das vacas e dos cavalos,as diferentes estações que ficaram para traz, o punhado de gente, aqui e acolá, a estradinha tão pequenina e olhe as meninas, grande e pequenas nunca são as mesmas é sempre coisa nova, muita coisa pra ver, tão rápido e depressa.que vento danado soprava seu rosto, despenteava seus cabelos, outras horas iam embora e depois voltavam de outro lado.eram cidades, casas, paisagens e animais que não acabavam mais.
A estação em São Paulo era grande demais na cidade tudo era muito alto, eram casas, prédios, pessoas bondes, ônibus que não acabavam mais,eram tantas pessoas, tudo alto e longe demais, meu medo era de me perder da minha avó e não achar ela mais.
Como fiquei cansada a viagem não acabava mais, o cansaço era tanto que tudo perdia a graça e não tinha mais aquele encanto, o barulho já me incomodava, até que finalmente o ônibus parou no ponto e nós descemos no bairro do Tatuapé.


Issis Antunes



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Vi muitas casas bonitas, ficava pensando qual delas seria a da minha avó, mas fomos caminhando e deixando para trás as casas até que começamos avançar pelo mato, pegamos uma trilha até que ao longe avistamos muitas casas de madeira coladinhas umas as outras, ruas de terra, esgotos a céu aberto exalando um mau cheiro nada agradável, tudo cinzento, feio e triste.
Umas das casas mais bonitas daquele lugar, era locatária, cheia de plantas por todos os lugares, do lado de fora e de dentro da casa,,muito bem decorada cheia de objetos de decoração, redes, mas o que mais me chamou a minha atenção foi os pequenos bibelôs,a Dona tinha um filho com os cabelos cheios de fogo e o rosto todo cheio de sardas, mais ou menos da minha idade, que passou a ser o meu companheiro de aventuras..
A casa da minha avó era mais modesta, mais era bonita também, era modesta mais agradável.

O aterro sanitário
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O lixão
Naquela época todo lixo de São Paulo era depositado no lixão nas imediações da favela do Tatuapé.
O dia inteiro o tráfego de caminhões eram intensos, com idas e vindas de caminhões, assim que um dos caminhões chegava , os moradores corriam parta lá, para pegar tudo o que pudessem levar, desde objetos de decoração e outros diversos até alimentos que pudessem ser aproveitados.
Lá imperava a lei dos mais fortes, eles sim sempre levavam o melhor, enfim cada um levava o que conseguia.
Alem dos moradores e caminhoneiros, os espaços também eram disputados com os abutres que também faziam a festa, mas de certa forma todos viviam em paz, as vezes
Saiam algumas brigas por disputa, mas eram coisas de momento, aconteciam que duas pessoas pegavam o mesmo objeto, bem vocês podem imaginar o que acontecia, discuções, algumas vezes até brigas. Era impressionante as coisas que eram encontradas desde alimentos até artigos para decoração,objetos de arte, roupas, calçados, etc....
Minha avó
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Com a convivência pude conhecer melhor aquela estranha mulher chamada Júlia, ela se vestia sempre de negro, embora prendesse aqueles cabelos negros com um pitote acima da cabeça mas quando ela soltava aqueles longos cabelos para pentear é que eu via o quanto aquela mulher era linda sem seus óculos, sem aquele vestido negro, apenas de camisola é que podia-se perceber o quanto aquela mulher era linda, seus olhos esverdeados que nunca notei, pois seus óculos escondiam aquela beleza de olhar, ela falava pouco, demonstrava pouco afeto,mas com apenas um olhar a gente se entendia.
Tínhamos alguma coisa em comum eu não sabia o que mas eu gostava muito dela e ela de mim, podia-se observar os ciúmes dos outros netos, só porque achavam que eu era a preferida e era mesmo, e eu me orgulhava muito disso.
Na favela era uma figura muito querida por todos, uma espécie de mãezona de todos muito respeitada e requisitada, ela era parteira, médica dos pobres, conselheira de todos, pediatra, acompanhava o crescimento das crianças, ensinava as mães como cuidar
Issis Antunes
direitinho delas, conhecia as plantas como ninguém para todos os males ela tinha remédio, enfim ela era um pouco de tudo exercia multi funções.
Ela era conselheira de todos, apaziguadora, até os bandidos a respeitavam.
Lata d’água

Lata d’água
Luiz Antônio e J. júnior
Lata d’água na cabeça/ Lá vai Maria/ Lá vai Maria
Sobe o morro, não se cansa/ pela mão leva a criança
Lá vai Maria
Maria lava a roupa lá no alto
Lutando pelo pão de cada dia
Sonhando com a vida do asfalto
Que acaba onde o morro principia



Naquela época,água encanada não tinha, o jeito era buscar água de poço, parecia até uma procissão, todos enfileirados, mulheres, homens e até crianças todos iam buscar a água da vida, ou no poço ou na bica.
O interessante era ver as mulheres carregarem grandes quantidades de latas cheias de água na cabeça, como agüentavam todo aquele peso? Não sosseguei até descobrir o segredo.É que elas enrolavam um pano comprido em forma de um circulo, bem em cima da cabeça e colocavam a lata ´por cima e andavam para equilibrar a lata sem derrubar a ´lata, tampouco a água.
E lá iam elas mulheres trabalhadeiras guerreiras, alem de carregar a lata,pela mão levavam seus filhos, as vezes outro ia no colo, o pessoal para distribuir o peso muitas vezes levavam vários baldes presos pela vassoura, um segurava de um lado e outro do outro.até a criança participava dessa empreitada.E tudo,as vezes parecia brincadeira, tudo isso era para aliviar o peso, então contava-se uma piada, falava-se mal da vida alheia, ou então inventava-se uma brincadeira.

BARRO BARRENTO!


QUERIA SER ALGO QUE NUNCA FUI,
QUERIA SER ÁGUIA
E SOU GALINHA.


QUERIA ATRAVESSAR

MARES, OCEANOS,

CORRER PELOS CAMPOS

E NUNCA SAÍ DO CHÃO!


SOU BARRO BARRENTO

E NUNCA SAÍ DO CHÃO!

A CHUVA ME LAVA

O BARRO ME SUJA.


ASSIM VAI,

ASSIM VEM

NEM PROCESSO

E RETROCESSO

A CHUVA ME LAVA

O BARRO ME SUJA.




ISSIS ANTUNES