Mulheres que sofreram violência doméstica soltam a voz
As mulheres estão levantando a voz. E quando são vítimas da violência, o grito de socorro já toma o lugar do choro. Em 2008, o número de mulheres ouvidas pela Central de Atendimento à Mulher * Ligue 180 cresceu 32%, sendo que o maior número de ligações são do DF. Mas se o aumento da busca por ajuda significa mais conscientização, o perfil das mulheres traçado pela pesquisa expõe uma contradição e derruba o senso comum: das mulheres que relataram ter sofrido violência, 47,7% não dependem financeiramente do agressor. As dependentes somam 47,2%, enquanto outras 5,1% não informaram a situação financeira. A Central 180, um serviço nacional que orienta mulheres em situação de violência, é vinculada à Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM), da Presidência da República. Para a diretora da SPM, Kátia Guimarães, o diagnóstico feito a partir dos atendimentos é uma importante ferramenta para conduzir novas políticas públicas. "Percebemos que a autonomia financeira da mulher não a previne contra a violência. A partir daí, o governo vai elaborar ações de valorização da mulher em outras esferas. Será um trabalho focado na autoestima", afirma. Segundo Kátia,...
...(52,5%) relatou lesão corporal leve. Já 26,5% das mulheres denunciaram ameaça e, 5,9%, difamação. Mas para a diretora da SPM, um fator que chamou atenção foi o número de denúncias de violências não visíveis fisicamente nas mulheres, como perseguições, violência patrimonial, injúria e cárcere privado. "O aumento dessa violência não visível é uma vitória. É a consciência de que a violência tem várias formas de atuação. As formas veladas ficavam escondidas com a omissão das mulheres", diz. A maioria das 24.523 mulheres que denunciaram violência são casadas com o agressor, possui um filho, sofre a violência diariamente e com risco de morte, tem entre 20 e 30 anos, reside na zona urbana, possui o Ensino Médio completo e é negra. Além disso, o uso de álcool e/ou drogas está relacionado à 57,2% das denúncias. DF investe em orientação e serviços O Distrito Federal...
...atendimento às famílias vítimas passou da média de 2mil anuais para 10.114, em 2008. Das regiões administrativas, Ceilândia teve o maior número de atendimentos (1.138), seguida do Paranoá (1.680) e de Taguatinga (1.308). Além disso,para este semestre, está prevista a implantação de uma rede que unifique diversos órgãos governamentais no combate à violência, por meio de um programa de internet. Mas para a promotora do Núcleo de Gênero Pró-Mulher do Ministério Público do DF, Laís Cerqueira, a região ainda carece de uma importante ferramenta. "O DF precisa de um Centro de Referência que funcione da forma como foi previsto. Ou seja, um lugar onde as mulheres podem obter informação e apoio para prevenir-se contra a violência", diz. Um serviço como este teria sido importante para Marília*, 35 anos. Ela sofreu, ao longo de três anos, ameaças verbais do marido. "Ele me trancava em casa e ficava me ameaçando, dizendo que ia me matar. Me obrigava a dormir com ele. Ele nunca me bateu, mas eu não sabia o que fazer, com quem conversar. No dia que ele saiu de casa dizendo que voltaria armado, não aguentei de medo e...
Fonte / Direitos Autorais : Larissa Leite do Jornal de Brasília
BOA NOITE!!