Cárcere doméstico
A coragem de denunciar a violência que Roberta* sofria surgiu como um ato de sobrevivência. A dona de casa, de 32 anos, não aguentou mais a pressão de viver como refém do marido alcoólatra. O casal morava até semana passada numa chácara no interior de Goías numa situação de cárcere doméstico. "Tudo o que ele fazia eu tinha que estar junto. Se ia campinar o mato, me obrigava a ficar do lado dele. Ele achava que eu ia fugir da chácara e não me deixava fazer nada sozinha", lembra. A companhia constante do marido era marcada por momentos de violência verbal e física. Xingamentos, chutes e puxões de cabelo faziam parte do dia a dia até a última segunda-feira, quando Roberta quase morreu nas mãos do algoz que tinha dentro de casa.
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Ela levou golpes de facão por todo o corpo e só conseguiu escapar da ira do marido quando ele viu a quantidade de sangue derramado no chão. "Quando percebeu que os cortes na cabeça, no rosto e nas costas estavam profundos, me largou e chamou o dono da chácara para me levar ao hospital. Mandou eu dizer no hospital que tinha brigado com uma mulher num bar. Mas, quando vi o policial, não tive dúvidas em denunciá-lo. Ele foi preso na frente do hospital", conta a vítima. Roberta agora está na Casa Abrigo - local sigiloso de proteção às vítimas de violência doméstica oferecido pelo GDF - e espera melhorar seu estado de saúde para projetar uma nova vida. "As mulheres têm que denunciar os agressores antes de estarem mortas", aconselha